LER CRITICAMENTE O MUNDO, HOJE, NO BRASIL DIALOGANDO COM OS CLÁSSICOS DAS FILOSOFIAS MODERNAS E CONTEMPORANEAS. 

• Acrônimo
  : LECRIBRAF
• Registro: 11932/2022
  (PPGFIL)
• Inicio 1\02\2022
• Duração: 60 meses

Objetivos geral:
O objetivo geral é estudar nossa época como transição sob os eixos: as semânticas, os imaginários e as práticas sociais construindo pontes entre a pesquisa acadêmica em Filosofia, Educação, C.H. e as memorias e lutas sociais. Articulando a Pesquisa com o Ensino e a Extensão este projeto estuda e experimenta novas formas e possibilidades de apropriação crítica dos autores e questões da filosofia ocidental a partir da situação concreta dos educandos e pesquisadores. Esta estratégia é profundamente inspirada no “método” do Freire. Ela procura traduzir este método no estudo dos clássicos da história da filosofia para fomentar uma leitura critica do mundo a partir de contextos periféricos. A noção de “clássico” é introduzida pelas teses de Ítalo Calvino a respeito. A ideia fundamental consiste em apresentar os clássicos e as questões da Filosofia Moderna e Contemporânea como uma espécie de alfabeto do pensamento crítico por um lado, e entender a leitura dessas obras como a ocasião de instituir um diálogo para entendermos criticamente o nosso presente e as categorias que, inconsciente- ou conscientemente utilizamos para apreendê-lo pelo outro.
Os clássicos do pensamento ocidental tornam-se, assim, um auxílio para desconstruir e descodificar as imagens do mundo que recebemos passivamente. Trata-se assim, por um lado, de estudar a gênese e o desenvolvimento do pensamento crítico , e, pelo outro, de capacitar os alunos e pesquisadores para “aprender a dizer a sua palavra” na Filosofia.
Objetivos específicos:
1) Estudar a dimensão filosófica da obra de Paulo Freire. elucidado os diálogos do pedagogo brasileiro com a filosófica ocidental (Fanon, Memmi, Marx, Jaspers, Sartre, Gramsci, Althusser, Vieira Pinto), e aprofundando temáticas presentes em suas obras com os clássicos da Filosofia Moderna (Rousseau, Kant, Fichte, Hegel…).
2)Fomentar a apropriação crítica das questões e dos clássicos da Filosofia ocidental instituindo um diálogo com as preocupações da sociedade atual.
3)Problematizar nossa leitura do mundo através dos clássicos da Filosofia mediante uma descodificação e recodificação de palavras de ordem presentes tanto nas políticas públicas quanto nas lutas sociais (por. exemplo,  dignidade e poder popular).
4) Realizar pesquisas na área da filosofia inspirando-se no diálogo interdisciplinar e intercultural praticado por Paulo Freire e em sua atenção pela “palavra popular” e as múltiplas formas de expressão dela.

Subprojetos vinculados:

• Iniciação cientifica 2024
  

I)As desventuras da consciência nacional em Fanon sob o prisma dos conceitos modernos de Soberania popular (Rousseau) e Nação (Sieyès)
Aluna:  Ludmila Lumbreras Rangel
Resumo:
Com base nas reflexões que Fanon desenvolve no terceiro e no quarto capítulo de Os Condenados da Terra, este subprojeto estuda a questão da constituição de uma comunidade nacional imaginária no processo de descolonização em Fanon a partir da contradição entre os interesses do povo por um lado, e da burguesia nacional pelo outro. Tratando das Desventuras da Consciência Nacional e da Cultura Nacional o autor martinicano destaca a atitude contraditória da burguesia nacional no processo de desenvolvimento dos países pós-coloniais: a burguesia nacional seria incapaz de cumprir com sua missão histórica na medida em que, para conservar seus privilégios, não operaria em prol de uma autêntica autodeterminação econômica, política e cultural de seu país desatendendo, assim, os anseios populares. Tendo como orientação a perspectiva traçada por Etienne Balibar no ensaio Ce que fait d’un peuple un peuple? o subprojeto pretende investigar a relação entre nacional e popular em Fanon a partir da tensão entre os conceitos modernos de Soberania Popular e Nação mediante de um estudo deles no Contrato social de Rousseau e na Constituinte burguesa de Sieyès. Com base no esclarecimento histórico-conceitual da relação problemática que interessa esses dois conceitos a partir da Revolução Francesa, o subprojeto entende questionar as contradições próprias da burguesia nacional nas realidades pós-coloniais, descritas por Fanon, a partir de duas questões levantadas por Etienne Balibar no ensaio A forma Nação: História e Ideologia: a da nação como “comunidade imaginária” por um lado; e, da soberania limitada dos países periféricos numa Economia-Mundo pelo outro. Destarte, o propósito é mostrar como Fanon faz da Nação enquanto comunidade imaginária um objeto fundamental de disputa cultural e ideológica no processo de descolonização. Contra a burguesia nacional que, agindo em prol dos interesses políticos e econômicos da antiga metrópole, inviabilizaria o desenvolvimento autêntico dos países pós-coloniais, o pensador martinicano ambiciona a formar uma consciência nacional que seja a “cristalização coordenada das aspirações mais íntimas da totalidade do povo”. (FANON, 1961, p. 124).

II) A Formação do Cidadão: um estudo a partir do Emílio e do Contrato Social de Rousseau
Alunos: Lucas Souza de Freitas
Resumo:
Este subprojeto visa estudar a relação entre educação e política nas obras Emílio e Contrato Social, de Jean-Jacques Rousseau. A questão fundamental que se coloca é a seguinte: como a proposta pedagógica de Rousseau se desenvolve de modo a atender a seu projeto político presente no Contrato Social, isto é, como o itinerário educativo do Emílio se organiza a fim de formar um bom Cidadão? Visando responder a esse problema, busca-se explorar principalmente duas categorias sobre as quais o filósofo genebrino compreende seu projeto político e educacional: desnaturação e cidadão. Sendo aqui a desnaturação compreendida, em acordo com Balibar (2011), como a possibilidade uma nova selvageria suscitada a partir de uma educação ao contrário, ou seja, que retira o homem do seio da sociedade e o educa na natureza, onde busca os meios para resistir aos vícios próprios da primeira, e, posteriormente, retornar à sociedade, tornando-se o Cidadão proposto no projeto político do Contrato Social. Com o objetivo de analisar a proposta pedagógica desenvolvida por Rousseau no Emílio e seu vínculo com a concepção política presente no Contrato Social, o estudo baseia-se em pesquisa bibliográfica, com o auxílio dos trabalhos de Wilson Paiva (2021) e Thomaz Kawauche (2021).

• Iniciação cientifica 2023

I) A questão do hospedeiro na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire em seu diálogo com Albert Memmi e Frantz Fanon.
PIBIC
Aluno: Luís Henrique Oliveira da Silva (Bolsista ICT\Fapes)
Resumo:
Este subprojeto analisa a figura do “hospedeiro” na Pedagogia do Oprimido, entendendo-a como a questão central tanto da radicalização política da proposta pedagógica freireana quanto de sua fundamentação filosófica. A percepção desta dualidade interna ao oprimido torna-se não apenas a condição de possibilidade para uma autêntica pedagogia de libertação, mas também o horizonte crítico capaz de definir uma autêntica liderança revolucionária em prol de uma superação efetiva das condições de existência e de reprodução da sociedade da opressão. A hipótese é que o questionamento da dualidade da consciência oprimida abra o entendimento da reflexão filosófica que fundamenta a radicalização política de Paulo Freire no Chile mediante o diálogo que ele instaura com dois autores clássicos da vertente de-colonial tais como Albert Memmi e Frantz Fanon. Estes dois autores são, portanto, fundamentais para entender a fundamentação filosófica da proposta pedagógico-política freiriana

II) Para uma apropriação crítica da definição kantiana do Esclarecimento na Periferia Brasileira
PIBIC
Aluno: Maven Mendes Borges (Bolsista IC\CNPQ)
Resumo:
De acordo com Paulo Freire, uma educação efetivamente libertadora pressupõe um conhecimento da situação concreta dos educandos e fomenta a inserção crítica deles na sociedade. Elaborado no seio do Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Materialistas a partir da disciplina História da Filosofia Moderna e do ciclo de auto formação Para uma leitura filosófica da Pedagogia do Oprimido este subprojeto questiona justamente a possibilidade de uma apropriação crítica da definição kantiana do Esclarecimento desde a realidade social da periferia brasileira. A sua questão fundamental é: como podemos apresentar as figuras da “menoridade”, do “publico” ou do “esclarecimento” propostas por Kant na realidade do “povo brasileiro” descrito por Darcy Ribeiro? A esse fim, o projeto propõe-se de estudar a dimensão filosófica de algumas figuras-chave apresentadas por Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido como o “desafio”, “situação limite”, “inédito viável” num diálogo com a leitura da Resposta à questão: O que é Esclarecimento? que Michel Foucault desenvolve na primeira aula do curso O Governo de si e o governo dos outros, particularmente com a sua proposta de ver neste ensaio de Kant o surgimento daquela “ontologia critica de nos mesmos” na qual o autor francês define sua atitude de pesquisador

III) Desnaturação em questão e Prática da Liberdade: sobre o nexo entre Antropologia e Pedagogia no Emílio de Rousseau.
PIVIC
Aluno: Lucas Souza de Freitas
Resumo:
Este subprojeto visa estudar a relação entre antropologia e pedagogia no Emílio de Rousseau. A questão fundamental que se coloca é a seguinte: como e em que medida os fundamentos antropológicos do pensamento rousseauniano concorrem para a teoria pedagógica desenvolvida na obra Emílio? A fim de responder a esse problema, visa-se explorar três categorias fundamentais sobre as quais o filósofo genebrino compreende o homem: a desnaturação, a perfectibilidade e a liberdade. A desnaturação define tanto o processo de corrupção e decadência moral que o autor genebrino atribui a civilização ocidental, quanto o processo que tenta resolver esta condição na proposta pedagógica do Emílio. Por seu turno, a base da possibilidade dessa desnaturação é estudada a partir da perfectibilidade, isto é, a capacidade do homem de se transformar, categoria forjada por Rousseau no Segundo Discurso para diferenciar o homem dos demais animais. Porém, essa capacidade de se transformar pode levá-lo tanto a melhorar-se, quanto a corromper-se desde o ponto de vista moral. O Emílio constitui justamente a tentativa de produzir uma desnaturação em relação à natureza corrompida através de uma liberdade bem regrada. O estudo baseia-se em pesquisa bibliográfica a partir do Emílio e dos primeiros dos Discursos de Rousseau, com o auxílio dos trabalhos de Wilson Paiva (2007), Thomaz Kawauche (2021) e Mauro Dela Bandera Arco Júnior (2019). Dessa forma, este subprojeto pretende questionar o nexo que existe em Rousseau entre antropologia e educação em prol da liberdade.